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Lembro de ter ido a nutricionista, pela primeira vez na vida, quando tinha uns 8 anos de idade. Saímos de lá com uma daquelas dietas prontas e com a matrícula na natação. Mas, para frustração de todos, não alcancei a meta.

Também me recordo da primeira vez que não quis ir a uma dessas excursões escolares porque temidamente, seria em um clube e seria impossível vestir maiô ou biquíni.

Pressão Estética e Gordofobia

Chegou a adolescência e com ela o dilema da calça jeans. Como toda adolescente, queria uma calça jeans, mas e o medo de ir experimentar? Quando juntei um dinheirinho, resolvi ir na loja e me lembro de ter dito à vendedora que a calça era um presente, exatamente porque não queria ter que experimentar na frente dela e correr o risco de dizer que não serviu.

Já quando adulta, comecei a guardar meus sonhos. Coisas que nunca imaginei que pudesse realizar. Pra mim, claro! Que sempre me privei de tudo por não me encaixar no famigerado padrão.

Com quase 30, num ano de muitas loucuras, tive na minha “melhor forma física”. Perdi peso, fazia atividade física regular, dieta de domingo a domingo. Mas obcecada com a mudança, veio o transtorno alimentar, a bulimia, as loucuras, o distanciamento social – no pior sentido da expressão, já que eu não saia pra não cair em tentação e comer.

Passei uma vida inteira frequentando os melhores nutricionistas da cidade, tomando remédios (todos os tipos, até aqueles importados clandestinamente), frequentando academias, sempre com aquele sentimento de fracasso por nunca conseguir vestir um 38.

Se a vida é uma festa, passei longos 30 anos naquela cadeira bem no cantinho, vendo as pessoas se divertirem, mas sem coragem de levantar e ir para o meio da pista. A autoestima guardada no fundo de tudo, sem conhecer o autoamor pleno.

Sempre disse que meu presente de aniversário aos 30 anos, seria um ensaio sensual. Pois é. Não foi aos 30, mas chegando aos 31, me dei esse presente. Estava receosa, com frio na barriga, mas fui! Fui com medo, com vergonha (bastante!), temerosa, mas fui.

E como foi libertador, viu?!…

Três meses depois, me matriculei no pole dance. Embora tão receosa como quando fui para o ensaio, insegura de que aquela barra me aguentaria, fui!! Descobri que a única barra que tenho que segurar nessa vida, é o pole.


Padrão Estético e autoestima


Marquinha de biquíni de fita? Por aqui também temos. Desconstruir o padrão de que só quem tem determinado corpo pode ter marquinha de biquíni de fita levou um tempo, mas a crença foi desconstruída com sucesso. Por aqui, “a marquinha tá ok”.

Se eu pudesse te dar um único conselho nessa vida é o de que não existe padrão! Padrão é ser feliz. Padrão é se amar. Padrão é se respeitar.

Levei 32 anos para aprender que existe uma única pessoa no mundo que está proibida de não me amar: EU!

Tenha um padrão de amor por si mesma. Ninguém pode (e deve) te amar mais do que você mesma.


Não se esconda. Saia do cantinho e vá para o meio da pista, dançar como se não houvesse amanhã (porque realmente não sabemos se haverá).

Seja você seu padrão. Seja feliz!

Texto: Thalyta Oliveira para o Blog da Drix Fotografia Feminina

Nota da Drix: O texto da Thalyta mostra que Autoestima é liberdade. Gordofobia é prisão. Distorção de imagem não está com nada. Reconhecer sua beleza em fotografia de verdade é perder seu próprio preconceito.

Orgulho sempre dessa linda que já vai para seu segundo ensaio fotográfico feminino. Vai ser lindo. Ninguém tem dúvida depois deste texto, tem?

Para ver algumas fotos do ensaio da Thalyta, clique aqui!