Porque tantas pacientes são encaminhadas para ensaios?
A percepção de imagem corporal é um dos grandes processos femininos em todas as fases de vida. Da fase infantil quando a criança começa a perceber diferenças entre si mesma e outras crianças, passando pela fase juvenil em que os hormônios interferem junto com as percepções de padrões sociais com os quais convivem e dão mais atenção, até a vida adulta em que questões diversas passam a influir no que considera a imagem ideal que deveria apresentar ao mundo e a si mesma.
Transtornos de autoimagem são passíveis de serem enfrentados por pessoas que vivem processos de obesidade e perda de peso e pessoas que não o vivem. Não se trata de uma questão restrita a qualquer indivíduo vivendo determinada situação de vida. É uma questão humana séria e profunda que todos nós atravessamos em alguma medida em alguns momentos de nossas longas vidas modernas.
Nos casos em que são envolvidos tratamentos de perda de peso de volume significativo, em que se dá uma grande alteração na autoimagem, são necessárias diversas formas de abordagem para que a transição seja feita de forma mais saudável e leve pelo paciente.
Assim, muitos terapeutas sugerem como parte do processo a realização de ensaios fotográficos para que acompanhe cada etapa. Isso porque as transformações são muito rápidas em situações assim e é necessário um ajuste da autoimagem e autoestima do paciente pelo novo corpo que surge dali.
A fotografia tem a missão de atuar como um espelho que traduz a nova imagem da paciente que, em muitos casos, ainda não se livrou do que se chama “gordura fantasma”. Ainda se vê como obesa apesar do novo número na balança.
Há situações em que as terapias identificam a dificuldade que muitas têm de se despedir do “eu anterior” que era traduzido em grande medida pelo peso que a constituía e identificava em sua mente. O processo de ajuste tem seu tempo próprio enquanto o de perda de peso é gradativo e ocorre em outro tempo que independe do processo mental. Assim, a fotografia é prova já que registra, sem sombra de dúvidas, a nova imagem que apoiará a construção de uma nova identidade para o paciente.
Um guia para entender a diferença desses dois conceitos que pode te orientar nessa jornada
A imagem é algo percebido pelo outro. O que você parece ser para quem o vê. A identidade é algo interno, que representa quem realmente é. E nesse momento de transformação, torna-se uma construção de ambos os aspectos já que você mudou e sua imagem para o mundo também.
Na alma feminina, estamos falando de inúmeros processos internos que, aqui na Drix, consideramos fundamentais para o bem-estar da mulher: autoestima alta, autoimagem real e autoconhecimento. O amor próprio incondicional é sempre beneficiado por momentos de auto-observação e mergulho interno. É um momento dedicado a “se saber” como gosto de dizer aqui. Quando a mulher passa a “se saber” não tem situação em que o amor por si dependa de qualquer condição.
E é um processo lindo ver que muitas mulheres quebram ideias próprias distorcidas sobre sua beleza ou, muitas vezes, a falta (imaginária) dela. É comum muitas começarem a perceber tamanho valor em celebrar cada detalhe que a faz única que deixam o sonho de ser mais parecida com os padrões que cresceu admirando.
Em um ensaio, aqui, vemos as fotos produzidas logo depois da sessão no estúdio fotográfico e é quase unanimidade ouvir delas expressões surpresas e que demonstram que suas expectativas em relação à experiência foram superadas. Principalmente em função da necessidade que via em si de conhecer a si mesma sem interferências. Lembrando que a edição das imagens ou tratamento de pele ainda sequer foi feito nesse momento. E vendo as imagens brutas, o que se revela é sempre mágico.
Uma cliente passou por um processo que me autorizou descrever e outra me incentivou a dividir com vocês algo que considero muito íntimo. Confesso que receei citar, mas ambas me disseram o quanto as perspectivas de experiências como essas podem ajudar quem está no processo e quem acompanha ou apoia de perto, como no meu caso.
Porque sim, é verdade que ficamos perdidas em grande parte da jornada, buscando dar nosso melhor a cada passo. Essa cliente me contou que em terapia percebeu que estava negando sua nova imagem porque no fundo tinha o sentimento de que iria abandonar aquela mulher que ela foi. Alguém que sofreu muito e que seria deixada sozinha de novo. Foi uma longa jornada até ser indicada a vir se ver em seu ensaio e enfim, ali, olhando para aquela nova mulher nos retratos, conseguiu pela primeira vez enxergar a ambas no mesmo olhar. Não posso descrever a força disso e minha gratidão pela fotografia ter sido parte.
Afinal, é importante lembrar que a meta é te deixar feliz com seus registros. Nada da ditadura de ter que aceitar tudo como está e pronto. O que é certo para você é deixá-la confortável e pronta para se aceitar no tempo devido para você e não para quem tem o discurso “passa tudo no Photoshop até virar Barbie sem textura de pele” ou “deixa tudo como está porque é natural assim cheio de marcas profundas com as quais ainda não está pronta para lidar”. Equilíbrio e se ouvir são as melhores estratégias aqui.
E é por isso que aqui toda a experiência de ensaio é um processo. Um processo que começa em nosso primeiro contato, lá em busca de conhecer a Drix e então passar a fazer parte de um grupo de mulheres reais reunidas em canais como Instagram e Facebook. É cada vez mais lindo ver que se apoiam só em compartilhar fotos de seus processos aqui e sonharem juntas. Até ficarem em paz com suas imagens.